Com dificuldades para renegociar dívidas de curto prazo, a varejista BMart Brinquedos entrou com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais no Foro Central Cível, em São Paulo, na quinta-feira passada. A rede é a segunda maior do segmento, com faturamento bruto estimado pelo mercado em R$ 150 milhões e com 28 lojas em São Paulo, Minas Gerais e Bahia. A companhia foi fundada em 1995 e é presidida por Carivaldo Souto, seu fundador.
Segundo informações presentes no processo, a dívida da empresa em aberto, que motivou a decisão de recorrer à Justiça, atinge R$ 118,3 milhões. “O pedido deve ser deferido nos próximos dias e serão até 60 dias para apresentar uma proposta aos credores”, diz Rogerio Zampier Nicola, do escritório de advocacia Nicola, Saragossa e Campos, que representa a rede. Após a sua publicação, os credores têm até 45 dias para se manifestarem contrariamente ao plano. Caso não haja manifestação, o plano está automaticamente aprovado.
São cerca de 100 credores – a maior parte bancos privados e fornecedores de produtos (dívidas trabalhistas seriam parte pequena do total). Fabricantes já teriam reduzido as entregas para a empresa nos últimos meses, como reflexo da falta de pagamento, diz uma fonte próxima à empresa.
Fracas vendas da rede no período de Natal e no Dia das Crianças do ano passado teriam piorado a situação financeira da companhia, mas fontes ouvidas dizem que a varejista já estava, há pelos menos dois anos, com desempenho abaixo do mercado e, sem recursos para investimento, tinha reduzido drasticamente o crescimento orgânico.
A difícil situação da Bmart, segundo um executivo do setor, reflete em parte um cenário mais desafiador para o mercado de brinquedos, mas não cabem generalizações, diz ele. “A desvalorização do real encareceu as importações e há fabricantes nacionais que estão crescendo um pouco mais. E entre as redes varejistas, há cadeias regionais aproveitando ganhos de escala maiores para manter crescimento médio de um dígito nos últimos anos”, afirma a fonte.
De acordo com dados da consultoria GfK, o varejo de brinquedos cresceu 3,4% (em valor) em 2015, em termos nominais, equivalente a uma retração real de cerca de 7%. A maior rede de varejo de brinquedos do país é a Ri Happy, controlada pelo fundo de private equity americano Carlyle desde 2012. Há cerca de três anos, a Ri Happy comprou a PBKids, criando uma rede com receita operacional líquida de R$ 1,3 bilhão e lucro líquido de R$ 32 milhões em 2014.